domingo, junho 08, 2008

O primeiro dia da eternidade

Gosto quando os dias são calmos e me reservam afazeres.
Acordar com a sensação de que o mundo precisa de mim, de que vivo para servir e não para ver passar o comboio.
São poucas as vezes em que abro os olhos e sinto que não há nada para mudar na vida. Que tudo está bem e que ninguém me espera, nada me aguarda.
Habituei-me, de há um ano para cá, a sentir que alguém precisa de mim. Que o mundo gira ao contrário dos ponteiros do relógio e que me compete correr nesse sentido.
No sentido da vida, da alegria e da felicidade, mesmo que nem sempre as encontre.
Aprendi a gostar do stress, dos dias repletos de compromissos, das horas que se atropelam e das ideias que não surgem. Da falta de imaginação, da dificuldade de concentração. Das quedas e das recomposturas. Das palavras duras e dos elogios.
Foram tantas e tão dolorosas. E esses, tão poucos mas tão saborosos.
Aos bocados aprendi a ver a vida a mudar. A deixar de pensar como se tivesse eternamente 18 anos. A imaginar o mundo do trabalho como um horizonte distante e inalcançável, a pensar que também eu cresço.
De há um ano para cá tudo parece fazer mais sentido. Os pequenos pormenores da vida tornam-se insignificantes face às grandes responsabilidades, aos grandes compromissos. Aos medos.
Medo é o que ainda sinto acima de tudo.
Medo de acordar e não saber o que fazer. Pior. Não saber o que me espera.
Esse é um medo com o qual aprenderei a lidar. Ao longo do tempo. Ao longo da vida. Até à eternidade.