quinta-feira, agosto 21, 2008

Aquilo que vai dentro.. do Cemitério de Pianos


Ao meu irmão


As férias foram assim...

Submersas entre palavras soltas, ventos de leste e o Mar Mediterrâneo.

O cascalho da areia confunde-se com as peles brancas que anseiam bronzear.

Precisava de descansar, de repousar e de pensar.

Nada do que previ acabou por acontecer porque estava, de facto, cansada...

Não quis pensar, não quis reflectir nem ansear.

O que será, será. O que estiver para vir, que venha...

Hei-de encontrar forças para o enfrentar, hei-de saber acordar deste estado de imersão onde me encontro...


Pela primeira vez, em muitos anos, só li um livro durante as férias.

Um livro que me ocupou mais de dez dias de reflexão. Que entrou na minha vida quase por acaso, que foi dando um novo sentido aos passeios de terceira idade a que fui forçada a ir durante o mês de Julho.

Nesses dias fui conhecendo a história fictícia de Francisco Lázaro. Poucos se lembrarão dele.

Há coisas que surgem na vida por acaso mas, ao longo do percurso, começam a fazer sentido de uma forma tremendamente alucinante.

À medida que conhecia a história de um jovem maratonista e entrava em todos os pensamentos que o José Luís Peixoto lhe imaginou durante a prova dos Jogos Olímpicos de Estocolmo em 1920, fui imaginando o meu irmão a lutar pelo sonho que agora concretizou.

No dia em que os Jogos Olímpicos de Pequim estreavam, também a notícia que todos esperavamos mas ninguém queria receber, acabaria por surgir.

Terminar as férias mais cedo não foi nada comparado com o final trágico do Cemitério de Pianos.


Que orgulho que eu tenho em ti. Oxalá algum dia alguém possa sentir por mim aquilo que vai cá dentro...


segunda-feira, agosto 18, 2008

100

É a centésima vez que aqui escrevo.
Poderia ser um número considerável se não tivesse dado este blog à luz há mais de três anos.
Poderia escrever todos os dias. Todas as horas. Não seria impossível. Há quem o faça.
Mas como uma mãe que vê o filho pela primeira vez e lhe traça o destino à primeira vista, também eu decidi que este espaço seria de entrega aos momentos marcantes. Àqueles que merecem ser descritos, àqueles que me fazem bem descrever.
Poderia tentar enganar-vos e dizer que se não escrevo mais é por falta de tempo. Por vezes é mais do que isso. Falta de vontade. Falta de força de relembrar os momentos. Falta de coragem para os contar. Falta de garras para encarar que, ou escrevo para ninguém, ou quem me lê não dá feedback.
A todos os que estão desse lado, obrigada por me lerem há 100 publicações.