terça-feira, dezembro 11, 2007

Driving Home for Christmas


Porque não há tempo para mais...
Porque tenho pena de te deixar ao abandono...
Porque gostava de me poder dedicar a ti com mais alma...
Mas porque, no fundo, sei que ninguém sente falta...
E porque já cheira a Natal, apesar de o coração ainda não sentir...

Aqui fica uma das minhas músicas de Natal preferidas...

Porque às vezes sinto que estou a conduzir em direcção ao Natal e ninguém me vê:

Driving Home For Christmas
(Chris Rea)

Im driving home for christmas
Oh, I cant wait to see those faces
Im driving home for christmas, yea
Well Im moving down that line
And its been so long
But I will be there
I sing this song
To pass the time away
Driving in my car
Driving home for christmas

Its gonna take some time
But Ill get there
Top to toe in tailbacks
Oh, I got red lights on the run
But soon therell be a freeway
Get my feet on holy ground

So I sing for you
Though you cant hear me
When I get trough
And feel you near me
I am driving home for christmas
Driving home for christmas

With a thousand memories
I take look at the driver next to me
Hes just the same
Just the same
Top to toe in tailbacks
Oh, I got red lights on the run
Im driving home for christmas, yea
Get my feet on holy ground

So I sing for you
Though you cant hear me
When I get trough
And feel you near me
Driving in my car
Driving home for christmas
Driving home for christmas
With a thousand memories

segunda-feira, outubro 29, 2007

União


Sabes quando é que tenho a certeza de que somos um só?

Mais do que quando sorrimos, é quando temos vontade de chorar juntos.

Mas não choramos.

Porque a minha fraqueza se anula na tua força.

E porque a minha força é pouca quando te tornas fraco.

Mais do que quando acordamos, é quando não conseguimos dormir.

Porque sei que os teus olhos estão abertos e eu não tenho sonhos se tu não estiveres neles.

Mais do que ter problemas, é viver os teus como se fossem meus.

É querer chorar quando tenho que lá estar para te apoiar. É querer sorrir sem te mostrar que estou a mentir.

Porque o teu sorriso ilumina o meu. Porque me buscas forças onde ninguém sabe que existem.

É aí que sei que somos um.

Porque o que é teu é meu.

No bem e no mal.

E para sempre.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Circo de Feras


A arena está repleta de gente na bancada que salta, canta e grita o meu nome. As suas vozes são distantes como o horizonte. À minha frente apenas a fera, sedenta de mim, que ruge e me espera amordaçar.

As vozes tornam-se cada vez mais distantes e os rugidos parecem extravasar-me os tímpanos. Quero uma porta de saída, um recanto para me esconder, um sítio onde possa ficar sem que me apanhem.

Ninguém. Ninguém ouve o meu grito de desespero. Todos pensam que sou capaz, mas apenas eu acredito que não.

Agora que me lançaram às feras, agora que a vida mudou e o trabalho aperta sinto-me ínfima no mundo. Sinto-me só.

Só porque nada nem ninguém está lá para me amparar. E quando não sei qual o caminho a tomar? Mais do que a solidão, a ignorância apodera-se das minhas forças, a certeza de ter vivido até agora a pensar que se sabe algo de que nunca se teve conhecimento é a maior frustração que sentimos.
Nada. Eu não sei nada.
Sabem que mais?

Estamos sós.

É que no circo de feras, somos só nós e mais ninguém. Só nós e a fera que nos aguarda lenta e silenciosa no fundo da parada.

terça-feira, outubro 09, 2007

Everything

Na véspera de, por mais um ano, seguir em frente de vez e deixar tanta coisa para trás, aqui fica a dedicatória àqueles que me irão preencher com enorme saudade.
As saudades doem, mas são diferentes quando sabemos por quem as sentimos.

"Everything"
(Michael Bublé)

You're a falling star, you're the get away car.
You're the line in the sand when I go too far.
You're the swimming pool, on an August day.
And you're the perfect thing to say.

And you play it coy, but it's kinda cute.
Ah, when you smile at me you know exactly what you do.
Baby don't pretend, that you don't know it's true.
Cause you can see it when I look at you.

And in this crazy life, and through these crazy times
It's you, it's you, you make me sing.
You're every line, you're every word, you're everything.

You're a carousel, you're a wishing well,
And you light me up, when you ring my bell.
You're a mystery, you're from outer space,
You're every minute of my everyday.

And I can't believe, uh that I'm your man,
And I get to kiss you baby just because I can.
Whatever comes our way, ah we'll see it through,
And you know that's what our love can do.

And in this crazy life, and through these crazy times
It's you, it's you, you make me sing
You're every line, you're every word, you're everything.

So, la, la, la, la, la, la, la
So, la, la, la, la, la, la, la

And in this crazy life, and through these crazy times
It's you, it's you, you make me sing.
You're every line, you're every word, you're everything.

You're every song, and I sing along.
'Cause you're my everything
.Yeah, yeah

So, la, la, la, la, la, la, la
So, la, la, la, la, la, la, la

quarta-feira, setembro 26, 2007

De vez em quando... as surpresas...

De vez em quando a vida corre bem.
Os dias são felizes e há surpresas.

Surpresas boas. Nao daquelas que eu não gosto. Não daquelas que fazem temer. Nem daquelas que me fazem querer desvendá-las antes do tempo.

Porque as surpresas devem esperar. Devem vir no momento certo. Devem ser sempre boas. E, acima de tudo, devem ser merecidas.

De vez em quando são as surpresas que mudam a vida. Quando menos esperamos, quando não planeamos e quando nos deixamos levar.

As surpresas são adoradas por muitos. Mas também há quem as odeie.

Eu gosto de as ter, mas só passo a gostar delas depois de as conhecer.
É que de vez em quando não gosto de sofrer. Deixo de suportar sofrer. Deixo de conseguir viver a sofrer.

Sofrer na ânsia é a pior surpresa que nos podem reservar. Porque sofrer é mau. E uma surpresa má é sempre uma má surpresa.

Por isso só gosto de surpresas boas.

E hoje sinto-me feliz porque tive uma boa surpresa.

Será que o desenrolar será mesmo bom?

Resta-me esperar...

É que de vez em quando, também gosto de ser feliz. Nem que seja por um instante. Nem que seja por um momento. Momento em que a surpresa ainda dura.

domingo, setembro 16, 2007

Vingança


Há quem diga que se deve servir fria. Gelada. Num prato redondo e camuflado para que entre pela boca e corroa o nosso interior com feridas profundas e crónicas.

Todos temos sede dela. Mas nem todos a conseguimos administrar.

Todos um dia a sofremos. Todos um dia temos vontade de a usar.

Mas nem todos o fazemos.

Tenho vontade e tenho razões para me vingar.

Dei muito de mim a quem não o quis aproveitar.

Confiei em quem me traiu.

Mas será isso um motivo para magoar tão ou mais profundamente aquele que mo fez?

Não.

Resumo-o à mais ínfima partícula. Ao mínimo significado. Àquilo que jamais será para mim.

Dar mais de mim?

Nunca mais.

Talvez se contente com um sorriso forçado, uma palavra sincera.

Mas nunca comigo.

Eu jamais me darei a quem me traiu.

Essa é a maior vingança que se pode dar.

domingo, setembro 09, 2007

Nós para Sempre

Quatro anos depois

Vejo a vida a seguir em frente, vejo o passado a andar para trás.
Vejo sorrisos em gente diferente e vejo aquilo que o mundo lhes faz.
Vejo-te a ti e a mim, vejo aquilo que criamos juntos,
Vejo ventos perdidos, vejo problemas defuntos...
Porque contigo eu sou eu.
Porque comigo tu és tu.
E eu sou nós.
Nós para sempre.
Um sempre infinito.
Um sempre sem fim.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Esta sou eu

Gosto de vacas e de vaquinhas... mas não daquelas a sério que têm tetinhas e que fazem mumu... gosto mais daquelas que imitam essas e que estão no meu quarto, na parede, no tecto e no chão... gosto de chocolate, de gelados da Olá e do Daniel... gosto da minha família mas restrinjo-a aos elementos essenciais, àqueles sem os quais não saberia viver... prezo muito a amizade, mas cada vez conservo menos amigos... uns porque me fogem sem que eu os consiga agarrar, outros porque a longo prazo me mostram que mais valia não os ter consentido tal cargo. tenho poucos, às vezes sou incapaz de me lembrar de quem são, mas sei que os que existem estão sempre lá. às vezes magoam-me, outras vezes apunhalam-me. mas gosto de crer que são meus amigos, porque se não tiver essa crença, então posso dizer que vivo sozinha... tenho medo da solidão, como também tenho medo das doenças. sou um pouco hipocondríaca. stressada, irrequieta, desconfiada e nariz empinado. respondona, por vezes fria mas no fundo um coração de manteiga. sou normalmente alegre, mas muitas vezes triste. sou FELIZ. sou o que sou e não o que querem que seja. sou assim e quem gostar gostou, quem não gostar talvez nunca o venha a admitir.

terça-feira, agosto 14, 2007

Do outro lado do espelho


Do outro lado do espelho posso ser quem quero.
Posso ser quem nunca fui.
Posso ser eu ou tu. Podemos ser nós.
Do outro lado do espelho a vida passa errante.
Os dias são dias e noites e as alegrias passam sem parar.
Do outro lado do espelho nada pára senão eu.
Eu sou estática, inerte e pó.
Um pó que é nada, que é colorido e que também é negro.
Do outro lado do espelho sou só eu e as minhas memórias.
Eu apenas reflectida num rosto cansado e negro, perdida nas estórias que apenas sei reviver.

quarta-feira, julho 25, 2007

Livre


Houve amarras que me prenderam ao chão.
Houve vozes que me gritavam e chamaram à razão.
Houve dor, sofrimento e desespero.
Houve falta de compreensão, arrependimento e medo.
Houve "porquês", houve "sims" e "nãos".
Houve aquilo que pensamos que é positivo, e houve o reverso da medalha...
O negativo.
É sempre o negativo que nos faz perder a fé.
É o negativo que nos rouba a esperança.
É o negativo que nos faz perguntar.

Bateram à porta. Fui abrir.
Veio o sol, a alvorada, uma leve brisa.
Por vezes veio também a esperança e uma pequena alegria.
Uma amálgama de emoções e sentimentos confusos.
Era tempo para lutar. Lutar e seguir em frente.
Mas seguir rumo a quê? - perguntei-me.
Lutar em vão é o pior sentimento que podemos sentir.
Olhar em redor e ver que todos conseguem e eu aqui sozinha, sempre sem conseguir.
Perdi a fé em mim, perdi a vontade de crer.

Agora que tudo passou, que uma nova vida está para vir,
Sinto-me livre e tudo o que quero é viver.

quinta-feira, julho 19, 2007

Porque às vezes precisamos de um Encosto...

Encosta-te a mim
(Jorge Palma)



Encosta-te a mim
Nós já vivemos cem mil anos
Encosta-te a mim
Talvez eu esteja a exagerar
Encosta-te a mim
Dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou
Deixa-me chegar
Chegado da guerra
Fiz tudo para sobreviver
Em nome da terra
No fundo para te merecer
Recebe-me bem
Não desencantes os meus passos
Faz de mim o teu herói
Não quero adormecer
Tudo o que eu vi
Estou a partilhar contigo
O que não vivi
Hei-de inventar contigo
Sei que não sei,
Às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem
Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Desatinamos tantas vezes
Vizinha de mim
Deixa ser meu o teu quintal
Recebe esta pomba
Que não está armadilhada
Foi comprada, foi roubada
Seja como for
Eu venho do nada
Porque arrasei o que não quis
Em nome da estrada
Onde só quero ser feliz
Enrosca-te a mim
Vai desarmar a flor queimada
Vai beijar o homem bomba
Quero adormecer
Tudo o que eu vi
Estou a partilhar contigo
E o que não vivi
Um dia hei-de inventar contigo
Sei que não sei
Às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem
Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem...
Encosta-te a mim...

terça-feira, julho 10, 2007

Balde de água fria

Há dias que são por natureza frios.

Mas não é um frio que se sente. É um frio que perfura e corrói. E magoa e faz chorar.

Um frio gelado. Que escorrega pelas costas abaixo e se renova a cada minuto.

Sentimo-nos gelados, desconfortados como quando éramos criança e passavamos férias na neve. Os dedos gelavam e chorávamos com a dores insuportáveis nas pontas dos dedos que já nem sentíamos.

O frio, às vezes, faz chorar.


Há quem lhe chame "balde de água". Para mim é só uma decepção. Mais uma desilusão. A sensação de subir alto, de ultrapassar a vertigem e de depois cair. Mas cair a alta velocidade, perfurar as vagas frias e deixar de sentir o corpo. Deixar de ver o mundo. Deixar de ver os outros.

Essencialmente deixar de ver os outros como pensávamos ver.

E quando, por fim, aterramos... O chão não é frio. O chão é como a água, inodoro, incolor e insípido. O chão é a água.

Que nos cai, lentamente, no coração.

E essa água é fria. E há um balde que cai no chão.

sexta-feira, junho 29, 2007

Porque às vezes precisamos de luz...

Ilumina-me

(Pedro Abrunhosa)



Gosto de ti como quem gosta do sábado,

Gosto de ti como quem abraça o fogo,

Gosto de ti como quem vence o espaço,

Como quem abre o regaço,

Como quem salta o vazio,

Um barco aporta no rio,

Um homem morre no esforço,

Sete colinas no dorso

E uma cidade p’ra mim.



Gosto de ti como quem mata o degredo,

Gosto de ti como quem finta o futuro,

Gosto de ti como quem diz não ter medo,

Como quem mente em segredo,

Como quem baila na estrada,

Vestido feito de nada,

As mãos fartas do corpo,

Um beijo louco no porto

E uma cidade p’ra ti.



Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, Ilumina-me.

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, Ilumina-me.



Gosto de ti como uma estrela no dia,

Gosto de ti quando uma nuvem começa,

Gosto de ti quando o teu corpo pedia,

Quando nas mãos me ardia,

Como silêncio na guerra,

Beijos de luz e de terra,

E num passado imperfeito,

Um fogo farto no peito

E um mundo longe de nós.



Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, Ilumina-me.

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me, Ilumina-me.

quinta-feira, junho 14, 2007

Elogio

Ao meu amigo Zé (quita)

É uma simples palavra, um simples sorriso, uma simples acção.
É como uma rosa branca que se recebe quando menos se espera.
É uma surpresa profunda.
É único. E é escasso.
Como o tempo.
Que passa e não volta.
Mas é bom.
E quando vem, é eterno e intemporal.
Um agradecimento profundo a ti. Serás sempre benvindo.

segunda-feira, junho 11, 2007

Há uma música do povo

Há uma musica do Povo,
Nem sei dizer se é um Fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…

Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…

Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…

Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!

Nunca fui grande fã de fado. Mas este supera qualquer sentimento.
Tenho pena de não poder dar-vos o som. Mas é sublime.
Poema de Fernando Pessoa e voz de Mariza.

sábado, junho 09, 2007

Tu


Hoje sonhei contigo.

Foi real como um sono profundo.

Como se não vivesses no outro mundo

E me desses na tua face

A calma de um doce abrigo.

Eras tu, estou certa de que eras tu.

quarta-feira, maio 30, 2007

Desilusão


É uma faca que extravasa os nossos sentidos e perfura fundo.

Normalmente não contamos com ela, por isso é que é tão fria. Não nos dá tempo para nos defendermos nem tão pouco para nos protegermos. E devia.

Porque quando toca, dói.

E muito.

quarta-feira, abril 25, 2007

Paradoxos


Não gosto de dias de chuva nem de dias tristes.

Não gosto de estar longe de quem gosto ou de estar perto e sentir-me distante.

Não gosto de quebrar a rotina, mas também detesto fazer sempre a mesma coisa.

Não gosto de ouvir música com headphones porque adoro cantar nas alturas, mas nem sempre o posso fazer com o risco de ser observada.

E se há coisa que não gosto é que me olhem de cima abaixo.

Na verdade, não gosto de dar nas vistas.

Não gosto de hipocrisia e não gosto que me traiam.

Não gosto de ser fria e injusta, mas se não o for serão sempre hipócritas e irão sempre trair-me.

Não gosto de estar triste, mas sei que às vezes é preciso.

Afinal tudo aquilo de que não gosto acaba sempre por acontecer para que possa pensar naquilo que realmente é bom.


Paradoxos da vida!

segunda-feira, abril 02, 2007

Amadeus

Vi há dias um dos filmes de que jamais esquecerei.
"Tu que tanto gostas de música, não havias de perder o 'Amadeus'" - diziam-me.
De facto, não devia tê-lo perdido. Pelo menos por tanto tempo. Devia ter deixado que ele invadisse a minha vida bem antes.
Para perceber que a música não é um som, mas um dom, não uma escolha, mas uma vida...

sexta-feira, março 30, 2007

Folhas caídas no coração


Sinto que o que tinhamos começou a perder-se ao longo do tempo, como as folhas das árvores que caem lentamente no Outono e se espalham, por fim no chão.


Há um fio de vento que ninguém sabe de onde vem, porque ninguém o sente senão eu. Nem tu.

Penso que alguém o soprou só para mim, que todas as portas se fecharam e apenas uma janela ficou aberta para fazer a corrente de ar subir e atingir-me as costas, perfurar-me os pulmões cansados e atingir-me como um punhal.

Um punhal que fura mas que não mata. Que corrói mas que não faz sangrar. Que não se sente mas que atinge, magoa e me faz suspirar as folhas caídas no chão.

"Antes que venha o Inverno e disperse ao vento essas folhas [...] que por aí caíram, vamos escolher uma ou outra que valha a pena conservar, ainda que não seja senão para memória", dizia o Garret nas "Folhas Caídas".

Folhas de árvore, longe das folhas de papel. Que não rasgam e que às vezes são verdes ou castanhas. Mas são sempre leves, sempre soltas e livres.

Olho para o chão e apenas vejo pedaços folhas castanhas. Mortas. Ou estarão simplesmente a dormir? São folhas, caídas, adormecidas no chão.

Será que ainda vamos a tempo de as apanhar e colar nos ramos vazios?

Ou será no meu coração?

sexta-feira, março 09, 2007

Cansada


"Tudo me corre mal", é a frase que mais tenho proferido. Sabem o que é sentir que a vida nos vira as costas? Que alguém se esquece de nós e nos tranca o caminho da sorte?

Nem sei se tenho vontade de chorar ou de rir, mas supero-me ao mostrar aos outros a face que não consigo ver.

Aparento a alegria que não tenho, a satisfação que há muito não sinto e a companhia que preciso quando todos me abandonam.

Não estou só, mas sinto falta. E essa é a maior dor que se pode sentir. Olhar em redor, ter tudo e ao mesmo tempo não ter nada.

Ter dias que correm ambíguos, acontecimentos que se atropelam em marés de azar, tristeza que aumenta a olhos vistos e falta de uma alegria para me confortar.

"Estás cansada", disse-me hoje a minha mãe. Sim. Cansada da vida, cansada do desassossego, das desilusões constantes e cansada de parecer alegre.

Mas sinto que algo me escorre pelos dedos e não o consigo agarrar. Talvez não mereça, mas hei-de ganhar forças para continuar a tentar.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Núvem de algodão


vivo dias de tédio

dias especiais que passam em passos iguais

dias normais que se atropelam em acontecimentos vulgares.

queria voar, saltar, dormir e acordar.

acordar num sonho...


mas a verdade é que eu não gosto de sonhar.

gosto apenas de viajar.

sozinha e comigo

aqui neste chão,

liberta e abandonada

na minha núvem de algodão.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Prosas Gripais


Há uma dor na cabeça.
Um vermelho no olhar.
Quero uma cama que me aqueça,
Onde me possa aconchegar.
A pele estremece,
Todo o meu corpo gela
Já nada mais me aquece,
Nem mesmo o frio da janela.
Olho por ela, fechada,
Há luz e fumo e céu
Afinal sou eu perdida e achada,
Neste quarto que é só meu.

"- Estás a chocar gripe" - Acorda-me a minha mãe.

Dou por mim a divagar,
Num delírio de rosas
Nesta cama onde me vou aconchegar
Perco-me, enfim... em prosas.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A sonhar


Não gosto de sonhar.

Não gosto de adormecer com o medo de sonhar.

Às vezes é bom. Mas a maior parte das vezes é mau.

Há quem goste de fechar os olhos para entrar numa nova dimensão, para abrir as portas de um novo mundo. Um mundo que não é seu, que não é real. Um mundo que não é.

Esse é o mundo dos sonhos.

De um modo geral, sonhar é imaginar aquilo que é bom, que é utópico e inalcançável.

Mas para mim, sonhar a dormir é um pesadelo, um desassossego, uma dor interminável.

Dor que não consigo conter, porque nem sempre tenho consciência de que só dói porque sonho e porque sonho, devia acordar.

Mas não acordo e choro. As imagens não fazem sentido, os sítios são os que conheço, mas de repente soam-me desconhecidos!

As pessoas fazem ou já fizeram parte da minha vida. Se me são próximas, passam a ser distantes, e se me são distantes acabam por se tornar íntimas, sem que nem eu perceba porquê.

Elevadores que caem de pisos à altura do céu, que são conduzidos por um homem doido, de cabelos espetados no ar. Estou acompanhada, mas é como se estivesse só. Porque ninguém me ouve e ninguém entende que quero saltar para fora do sonho, que quero acordar e não voltar a adormecer.

Que tenho medo de sonhar.

Outras vezes são aviões. Que caem.

E sou eu que os quero levantar.

Levantar-me a mim, aqui sozinha...

A sonhar.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Momentos para Esquecer ou talvez não!

Já vos disse que a minha entrega à música é plena, que a música é o óleo que faz mover as minhas engrenagens quando estas se emperram?
Pois bem...
Foi anteontem, quando na tentativa de me fazer o mais prestável possível, me ofereci para ir buscar o meu irmão às explicações de Matemática.
Os minutos passavam e eu sentada dentro do carro, numa inclinação medonha, a pensar em tudo: na minha vida nos últimos tempos, na monotonia dos dias que se iam seguindo, sempre a estudar, sempre a levantar à mesma hora, sempre a desejar que chegue ao fim a interminável época de exames... Mas especialmente a arranjar uma alternativa de tirar o carro daquela maldita subida, sem que o deixasse descair e sem que rebentasse com o motor. Pobre carrinho do meu avô e pobre de mim que odeio subidas!
Uma hora passou e eu perdida em pensamentos. A minha única companhia era o rádio que alternava de frequência mais rapdiamente do que eu saltava de pensamento em pensamento, sem que encontrasse uma música digna de ser banda sonora daquele momento (que deveria ter sido) inexistente. Foi já depois de muitos sofridos minutos que veio a música que tornou todo aquele momento numa melodia alegre e divertida: ela é linda e ele é o Jack Johnson.
Aquilo que ele canta é aquilo que nós imaginamos poder escrever, e até mesmo desenhar. Pena eu não ter jeito para o desenho, porque se tivesse, era um quadro assim que pintava:



I want to be where the talk of the town
Is about last night when the sun went down
And the trees all dance
And the warm wind blows in that same old sound
And the water below gives a gift to the sky
And the clouds give back every time they cry
And make the grass grow green beneath my toes
And if the sun comes out
I'll paint a picture all about
The colors I've been dreaming of
The hours just don't seem enough
To put it all together
Maybe it's as strange as it seems
And the trouble I find is that the trouble finds me
It's a part of my mind it begins with a dream
And a feeling I get when I look and I see
That this world is a puzzle,
I'll find all of the pieces
And put it all together, and then I'll rearrange it
I'll follow it forever
Always be as strange as it seems
Nobody ever told me not to try
And the water below gives a gift to the sky
And the clouds give back every time they cry
And make the grass grow green beneath my toes
And if the sun comes out
I'm going to paint a picture all about
The colors I've been dreaming of
The hours just don't seem enough
To put it all together
Always be as strange as it seems

Ah! E mais meia hora se passou até que saí deste ambiente natural e me fui enfiar na sala das explicações a ouvir um sermão que deveria transmitir fielmente aos meus pais.
Ainda bem que "fugi" à Matemática no 10º ano!
E ainda bem que o meu instrutor insistiu comigo no ponto de embraiagem. Caso contrário ainda agora estaria naquela subida, com o carro engatado a chamar pelo reboque e a desejar nunca ter saído de casa e nunca ter ouvido o Jack Johnson.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Coincidência Gelada

Há dias assim, estranhos por natureza.
Ontem foi um deles.
Numa das pausas do meu terrível e inquietante estudo resolvi visitar o universo da blogosfera. No da Nia poderão comprovar o quão estranha foi a coincidência com que me deparei.
São estes momentos que nos deixam a pensar. Coisas pequenas, aparentemente insignificantes, que param o tempo num segundo e nos fazem esquecer o resto.
Foi isso que me aconteceu quando revivi o momento de segunda-feira passada, assim que a Nia me fez recordar o diálogo que se gerou em torno daquele magnífico trabalho.
Estado de transe. Foi assim que fiquei ontem ao confrontar a grande coincidência! Quando vi o documentário, lembro-me de ter admirado, mas provavelmente não teria pensado mais nele, se o meu pai não tivesse comentado e dado início a um debate em torno dele. Mesmo assim, com tanta coisa para pensar, jamais voltaria a recordar-me desse trabalho se não tivesse visitado o Blog da Nia e gelado de espanto.
Enfim... Teria sido um momento perfeito, se todo o gelo não se tivesse quebrado quando a minha mãe abriu a porta e me deu a pior notícia dos últimos tempos.

Apesar da beleza inigualável do documentário, acreditem que as coisas más suplantam as boas, mesmo que tentemos impedir.

Ontem foi um dia mau por muitas razões. Muitas lágrimas estão ainda por jorrar. Penso que o gelo que senti com a coincidência com que me brindaram ainda não quebrou por completo.

Tenho medo. Muito medo que quando quebrar, não hajam braços que me consigam segurar.