terça-feira, março 31, 2009

Livro como destino


Terminei ontem de ler "A vida num sopro" de José Rodrigues dos Santos.

Detesto o sentimento que me invade de cada vez que leio a última página de um livro.

Sinto que, durante dias, ele foi como que um companheiro leal nas últimas horas do dia. A história passa a fazer parte da nossa vida, passamos a ansiar pelo momento de ler a próxima página como se fosse a nossa própria vida que estivesse no limiar do acontecimento.

Planeamos finais, especulamos o que irá acontecer mas, ao mesmo tempo, não deixamos de nos sentir perturbados quando o autor escreve precisamente o que prevíamos.

No fundo, a história passa a ser escrita pelo nosso pensamento e pela nossa imaginação. As páginas são devoradas como leões famintos e ao mesmo tempo tentamos combater contra a fome que nos atira os olhos para o fim da página quando ainda estamos a ler o primeiro parágrafo.

"A vida num sopro" foi um desses casos. Mais de 500 páginas de uma vida condensadas em menos de um mês de leitura, em períodos de ditadura e Guerra Civil Espanhola. Mais de 500 páginas que ontem terminaram num final que se começou a desenhar óbvio nos últimos momentos, mas que eu não queria que acontecesse.

Como se o meu poder para mudar o livro fosse mais forte do que as palavras grafadas. Como se o meu poder para mudar a minha vida fosse mais forte do que o destino que está escrito.

quarta-feira, março 11, 2009

Bem vindo a casa, Leo

O Leo voltou para casa.
Depois de todas as lutas, depois de todas as lágrimas, depois de todas as esperanças perdidas.
Venceu, pelo menos até hoje. O futuro só Deus o saberá.
E eu sei que há um Deus, para lá dos instintos felinos. Um deus que é pequeno e tem garras, que tem pêlo e fala em "miau".
Sim, é quando as nossas crenças se afundam, que ele se manifesta. Esse Deus que é gato ou cão, que é homem ou mulher. Que é.
Que me fez acreditar que vale a pena chorar. Que tudo dói menos quando os dias são repletos de lágrimas.
Gostava de ser como o Leo, forte e destemido. De ser capaz de, mesmo em convalescença de uma operação que lhe roubou alguns órgãos, querer saltar muros, avançar sofás, provar a todos os outros de que tenho força de viver.
Mesmo que a vida me tenha traído, sabendo que a amo tanto.

Um obrigado muito sincero e especial a todas as palavras amigas das amigas que nunca me deixam só.

segunda-feira, março 09, 2009

Nova cara

Nova cara, nova vida.
Porque nem sempre aquilo que mostramos é aquilo que dizemos sentir.
Uma nova máscara para um blogue que acompanha uma vida inteira de paixões e desalentos.
O meu espaço, o meu cantinho, a minha vida em palavras.

sexta-feira, março 06, 2009

Esperança


Pedem-me que tenha esperança.


É uma luz ao fundo do túnel, uma chama acesa que não se apaga nem com a rajada de vento mais forte.

É uma crença infinita, uma réstea de fé.

Uma vontade louca de não perder ligação, de não deixar cair a acreditação, de não permitir que morra algo em que se crê.

Existe e está bem viva em quem acredita. Cintila e ilumina as mentes desesperadas de quem sente falta de se prender a algo que combata a tristeza.

Ela é tudo menos a tristeza. Ela existe enquanto a tristeza ganha terreno. Ela luta contra o sorriso que se esvai, a lágrima que cai, a dor que não se vai.

Ela é forte. E é dura, mesmo que seja apenas a luz que ilumina no fundo do túnel.

É tudo isto, desde que exista.

Porque quando não existe é apenas "cinza, pó e nada", é apenas a vontade de acreditar que ninguém tem, a vontade de ter fé, de não deixar morrer aquilo que se sabe que jamais viverá.


Pedem-me que tenha esperança.