Guardo a tua vida na minha bolsa, na minha cabeça, no meu coração.
Guardo como se fosse minha, como se fosse nossa, como se fosse uma canção.
Guardo-a como a esperança, que acalento todos os dias, que alimento sem me cansar,
Guardo, enfim, com confiança, como quem não tem medo de se deixar atraiçoar.
Depois, tu vens com frieza, e pedes-me a vida que um dia guardei
E eu, sem ter a certeza, acabo por dar-ta, por entregar-ta, como se fosses meu rei
Cá dentro fico vazia, temo o nosso futuro, mas nunca me lamento
Fico para aqui prostrada, desejando a alegria de um novo momento.
Tu segues a tua, como se fosse só tua, a vida que criaste
E eu fico para aqui deitada, como se não se passasse nada, presa por um guindaste.
Sei que és dono e senhor, dominas e fazes o nosso futuro
Sei que nada posso prever, porque és tu que constróis o nosso pequeno muro
Sei que se um dia for como eu quero, será por suor, será por exaustão
Será porque nunca falei, nunca te confessei o que realmente sente este meu coração.