domingo, outubro 23, 2005

Música no Coração

Acaricio o marfim brilhante e penso em ti...

És divino quando te sentas e tocas esse ser ao qual consegues dar vida mesmo quando morrem todos quantos o escutam. Transformas-te e transformas-me a mim que te admiro e invejo o teu mais ínfimo movimento.
És o coração que bate ao ritmo do metrónomo que não quer parar. És a nota solta que foge da partitura que só tu sabes amar. És a clave de sol que dá vida a cada colcheia que escapa dos teus dedos e repousa, enfim, no coração daqueles que se deixam tocar.
Admiro a forma como amas o timbre cruel da pauta que possuis e dás a possuir ao ouvido atento, ao coração que se deixa invadir por esse som que só tu és capaz de produzir.
Passaste até hoje ao lado do meu olhar e do meu coração. Mas sei que vivias recatado num canto que agora é só teu.
Agora sei que tens tanto para me dar, tanta melodia para me oferecer, tantas almas para fazer chorar, tantos corações para ajudar a bater...
Agora sei que irei perder se partires, mas prometo-te a ti e a mim própria que darei todo o meu coração para ser capaz de fazer uma parte daquilo que só tu sabes.
Oxalá o teu metrónomo não deixe nunca de acompanhar o tempo desta Sonata que a todos nós dá vida.
Que Deus te ajude e te dê forças para não partires e deitares por terra esse dom que eu almejava possuir: a Música no meu Coração.

sábado, outubro 01, 2005

Escrevo...

Mesmo que a minha escrita seja muda, os teus olhos cegos demais para a receberem e o teu coração incapaz de a apreender.
Escrevo porque amo a escrita, porque me proporciona essa evasão que anseio quando abro a janela e estendo as minhas pequenas asas à procura do voo...
Escrevo, mesmo que a tristeza de que quase ninguém a leia seja mais forte do que as minhas forças.
Sobra-me, enfim, uma réstea de esperança...
Hei-de escrever até que a vida me cale o coração.
É triste escrever no vazio. Mas mais triste é a dor de não ter força para o fazer...