domingo, novembro 26, 2006

A vida é um lugar estranho

Há estranhos lugares, em estranhos mundos, onde vivem estranhos seres que para nós serão sempre... estranhos!
Há outros, porém, que deixam de o ser porque abrem o seu coração para nós e nós abrimos o nosso ao deles, numa fusão de harmonia que nos soa... estranha!
Acredito que as almas vivem e se reencontram ao longo do tempo com aquelas que lhes são compatíveis. Podem passar anos, séculos ou até mais, quem sabe. Mas existem pequenos sinais no nosso dia-a-dia aos quais, se estivermos receptíveis, compreendemos que são indícios de que aquele ser, algum dia, conviveu com o nosso.
Isso aconteceu-me um destes dias em que, numa viagem como tantas outras, num dia como tantos outros, mais uma vez o comboio teve uma história para contar.
Havia alguém que deixou de ser estranho. Que nasceu para pertencer, não direi à minha vida, mas à minha experiência. E alguém o colocou no meu caminho para me ensinar. A crescer, a ver para além dos olhos dos outros, a ser mais receptiva e menos desconfiada.
E no momento em que formos capazes de ver que há tanta na gente no mundo que até pode ser igual a nós, mesmo que pensemos que não... Então aí seremos autênticos e capazes de comprovar que, ao contrário do que pensamos, a vida pode não ser um lugar estranho.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Olhos que não vêem

Há uma fila interminavel de gente que inicia mais uma semana de trabalho. Há um atropelamento contínuo de pés, de malas e de vozes. Um percurso acidentado que se sucede todas as santas semanas, em todos os primeiros dias.
Os olhares são quase sempre os mesmos. O clima arrefece o coração e o pensamento é transportado para um lugar longínquo. Quase tão longínquo quanto a nossa casa se vai tornado, assim que o comboio desliza pelos carris frios.
E eu olho pela janela os mesmos lugares, as mesmas paisagens. os actos são sempre os mesmos, rotineiros, batidos, pouco sentidos. Nunca há nada de novo, nunca há nada alegre na hora em que me sinto afastar daquilo que realmente me faz feliz.
Às vezes, num disparo de agonia sinto alguns corações baterem diferente, ouço alguns pensamentos perdidos e nasce-me a vontade. De correr, de gritar contra tudo. Como se todos fossem culpados por eu ter que me ir embora.
Hoje, apesar de cá dentro sentir o mesmo de todos os dias, houve algo que desviou a minha atenção. Tantas são as vezes em que olhamos e não vemos ou mesmo as vezes em que vemos e preferiamos não ver. Somos tão injustos...
Uma rapariga saiu do comboio, tal como eu. Era jovem, tal como eu. Cabelos compridos, olhar posto no infinito, tal como eu. A mão ia estendida em frente, segurando algo, tal como eu segurava. Aa minha mão rodava a mala que transportava tudo aquilo que ainda posso trazer comigo. Na mão dela, também algo que ela não pode abdicar. A vida que lhe tiraram, ofereceu-lhe o dom de ter sempre consigo uma companhia.
E mesmo rodeada daquele mar de gente vulgar, mesmo partilhando com eles aquele dia igual a tantos outros, naquele instante o meu momento fechou-se nela... O meu mundo afunilou.
Então vi-a. Era a Susana e o cão que lhe deu o olhar que a vida lhe roubou.

sábado, novembro 04, 2006

Sonho mau


Fecha os olhos e descansa. Amanhã, vou abrir a janela do teu quarto e deixar que a luz do sol te aqueça. Quando acordares, tudo terá sido apenas um sonho.
Já passou...
(aumenta o volume)

Tu Guardian

Duermete pronto mi amor
Que la noche ya llego
Y cierra tus ojos que yo
De tus sueños cuidare
Siempre a tu lado estare
Y tu guardian yo sere
Toda la vida
Si un dia te sientes mal
Yo de bien te llenare
Y aunque muy lejos tu estes
Yo a tu sombra cuidare
Siempre a tu lado estare
Y tu guardian yo sere
Toda la vida
Esta noche te prometo que no vendran
Ni dragones ni fantasmas a molestar
Y en la puerta de tus sueños yo voy a estar
Hasta que tus ojos vuelvan a abrir
Duermete mi amor sueña con mi voz
Duermete mi amor hasta que salga el sol
Duermete mi amor sueña con mi voz
Duermete mi amor que aqui estare yo
Esta noche te prometo que no vendran
Ni dragones ni fantasmas a molestar
Y en la puerta de tus sueños yo voy a estar
Hasta que tus ojos vuelvan a abrir
Duermete mi amor sueña con mi voz
Duermete mi amor hasta que salga el sol
Duermete mi amor sueña con mi voz
Duermete mi amor que aqui estare yo
(Juanes)

As palavras, às vezes, são tão efémeras....
Mas estou certa que amanhã, quando acordarmos, tudo não passará de um sonho mau.