Não gosto de sonhar.
Não gosto de adormecer com o medo de sonhar.
Às vezes é bom. Mas a maior parte das vezes é mau.
Há quem goste de fechar os olhos para entrar numa nova dimensão, para abrir as portas de um novo mundo. Um mundo que não é seu, que não é real. Um mundo que não é.
Esse é o mundo dos sonhos.
De um modo geral, sonhar é imaginar aquilo que é bom, que é utópico e inalcançável.
Mas para mim, sonhar a dormir é um pesadelo, um desassossego, uma dor interminável.
Dor que não consigo conter, porque nem sempre tenho consciência de que só dói porque sonho e porque sonho, devia acordar.
Mas não acordo e choro. As imagens não fazem sentido, os sítios são os que conheço, mas de repente soam-me desconhecidos!
As pessoas fazem ou já fizeram parte da minha vida. Se me são próximas, passam a ser distantes, e se me são distantes acabam por se tornar íntimas, sem que nem eu perceba porquê.
Elevadores que caem de pisos à altura do céu, que são conduzidos por um homem doido, de cabelos espetados no ar. Estou acompanhada, mas é como se estivesse só. Porque ninguém me ouve e ninguém entende que quero saltar para fora do sonho, que quero acordar e não voltar a adormecer.
Que tenho medo de sonhar.
Outras vezes são aviões. Que caem.
E sou eu que os quero levantar.
Levantar-me a mim, aqui sozinha...
A sonhar.