Terminei ontem de ler "A vida num sopro" de José Rodrigues dos Santos.
Detesto o sentimento que me invade de cada vez que leio a última página de um livro.
Sinto que, durante dias, ele foi como que um companheiro leal nas últimas horas do dia. A história passa a fazer parte da nossa vida, passamos a ansiar pelo momento de ler a próxima página como se fosse a nossa própria vida que estivesse no limiar do acontecimento.
Planeamos finais, especulamos o que irá acontecer mas, ao mesmo tempo, não deixamos de nos sentir perturbados quando o autor escreve precisamente o que prevíamos.
No fundo, a história passa a ser escrita pelo nosso pensamento e pela nossa imaginação. As páginas são devoradas como leões famintos e ao mesmo tempo tentamos combater contra a fome que nos atira os olhos para o fim da página quando ainda estamos a ler o primeiro parágrafo.
"A vida num sopro" foi um desses casos. Mais de 500 páginas de uma vida condensadas em menos de um mês de leitura, em períodos de ditadura e Guerra Civil Espanhola. Mais de 500 páginas que ontem terminaram num final que se começou a desenhar óbvio nos últimos momentos, mas que eu não queria que acontecesse.
Como se o meu poder para mudar o livro fosse mais forte do que as palavras grafadas. Como se o meu poder para mudar a minha vida fosse mais forte do que o destino que está escrito.
1 comentários:
Reconheço perfeitamente esse sentimento de ler a última página...
E vontade de que o nosso pensamento altere o runo da história, quando os factos não são os que desejamos.
Saudades de comentarm minha Cris. E saudades tuas.
Gosto muito desta nova cara. Também gostava da anterior, mas esta sem dúvida gosto mais. Até porque me parece que esta também gosta mais de mim porque me deixa comentar. :-)
beijinho*
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