segunda-feira, outubro 11, 2010

Medo

Hoje acordei quando a manhã ainda era uma criança. Ainda mal os primeiros raios de sol se avistavam, ainda as primeiras vidas acordavam para o primeiro dia da semana.
Acordei com o coração saltitante e o frio na barriga que senti outrora, em momentos especiais que me faziam medo.
Sempre lidei mal com a novidade, o desconhecido, o medo. O medo da dor, o medo de errar e o medo de falhar.
Não sei qual destes dois me aperta mais o estômago, mas se os últimos poderão ou não depender de mim, está certo que o primeiro de todo não dependerá. Por isso acho que, por exclusão de partes, é esse o que mais me assusta. O medo da dor.
E pronto. Estou com medo. Acho que não o sentia nem o admitia há demasiado tempo, quando as mãos eram pequenas e o coração enorme para tanta vida. Agora as mãos são maiores e a vida mais curta, o coração apertado já quase não tem espaço para mais sonhos, que entram e entram e nunca saem.
Porque eu nunca desisto, e eles nunca se realizam. Então vão ali ficando, como num frigorífico gelado de recordações e vontades, num canto esquecido mas sempre lembrado do esquecimento à espera que um dia ganhem asas e voem. Aquelas asas que nunca me disseram onde se compram.
Porque se dissessem, eu ia lá, juro que ia. Sem medo. E sem frio na barriga.

1 comentários:

Sandrinha disse...

Um dia disseram-me: "Se há coisa que não vale a pena ter na vida, é medo".

Nunca mais me esqueci disso. Mas a verdade é que não é assim tão simples deixar de sentir o frio na barriga e o medo de falhar, da dor, de fracassar.
Não desistas, Cris*

Beijinho*