Enterro a tua memória sob a areia molhada e a relva verde.
Lembro-me de ti em nuvens de fumo ténue e às vezes ainda sorrio.
O bom que vivemos é, por vezes, o único sinal que te envio.
Mas, quando a recordação bate à porta e me diz que partiste
Reservo para mim a raiva eterna e assumo que fugiste.
Então enterro a tua memória sob a areia molhada e a relva verde.
Porque não gosto do passado nem daquilo que ele te fez
E não gosto do dia de hoje nem de tudo o que se desfez.
Se a tua memória vive e é conduta numa conversa
Então sinto sal na boca e fujo pela porta que deixaste aberta.
Peço-te que vivas no mundo que escolheram para ti
E que daí de cima guies o percurso que escolhi
Mas enquanto te nego e procuro sem te encontrar
Espero que fiques sempre no sítio onde resolvi te enterrar.
Então enterro a tua memória sob a areia molhada e a relva verde.
Desculpa, Avó. (18/01/2004)
1 comentários:
Nada consigo dizer.
Apenas que entendo um pedacinho do que tentate descrever.
Beijinho
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