segunda-feira, maio 30, 2005

Minha Vida

Tempo que corres nos meus dias, com a velocidade ciclónica de um vento que me bate tremendamente...
Porque passas, porque voas e me convences de que não irás voltar?
Voas sim, sombreando de cinzento os dias que outrora foram hoje. Não passas, porém, de uma lembrança. Não deixas, senão, uma leve brisa que me faz crer certamente que tudo aconteceu num passado que não voltará mais.
Sim, tudo tem um fim. Mas porque vem esse terminus tão drasticamente?

Hoje, aqui sentada com os olhos postos no passado, penso no quanto a minha vida me obrigou a mudar. Não foram mais do que escassos meses que agora são para mim o fio da eternidade, a essência daquilo que hoje sou.

Vida que me mudaste, me educaste qual criança desaprendida. Contigo tornei-me grande na minha pequenez; preenchida na minha solidão; feliz na minha tristeza, enfim...
Ensinaste-me a ver que o tempo não gira unicamente em volta dos outros, que os dias não têm necessariamente que ser todos iguais e que, um dia, essa monotonia de que sempre nos queixamos, acaba por tornar-se nostálgica, fruto de um tempo no qual daríamos tudo para reviver.
Hoje olho em volta e não sou mais aquela que fui. Os outros jamais serão aquilo que foram. São mais. Mais tudo. Mais meus. E daí surgir a minha força para os preservar sempre e cada vez mais...
Ajudaste-me a crer que sou forte para seguir em frente quando as minhas garras se desvanecem; a encontrar nas pequenas coisas da vida, enormes bens aos quais me vejo forçada a agarrar. Ensinaste-me a querer ser feliz longe daqueles no qual pensei ver a minha única fonte de felicidade.
Agradeço-te, enfim a ti, minha vida, que sempre aí estiveste para mim, fazendo-me crer que nada do que foi será mais alguma vez. Mas que o amanhã é tudo aquilo que posso desejar e que, onde quer que caia, estarás sempre aí para me amparar.

quinta-feira, maio 26, 2005

Nostalgia

Tempo que passou e não volta mais...
Nostalgia? Talvez...
Sentimento de ex-pertença de valores inadquiridos, fugidos, roubados, arrancados, despedaços...
Bens jamais recuperados.
Dores, lágrimas, sofrimento é tudo o que hoje me resta.
Saudade de um tempo que jamais serei capaz de recuperar. Lágrimas que choram momentos perdidos, de sorrisos arrancados ao vento, de gargalhadas perdidas no infinito. Alegres momentos que se perdem no fosso profundo de um presente que quero que passe, na esperança de um futuro que não tenha ocaso e que reflicta fielmente esse tempo que alguém roubou de mim.
Quem o roubou? Quem fui eu ao deixar que me arrancassem com tal raiva esses diamantes que trazia ao peito?
Diamantes sim, caídos bem junto ao coração. Valores que deixei que partissem, que fui incapaz de arrecadar.
Pedir que voltem é humilhação demais para o meu orgulho. Humilhação, porém, que ultrapassei em momentos de desespero.
Mas a maior tristeza é não obter resposta. Pedir que regressem ao meu coração, desalojado enfim. Lugar jamais ocupado por outrém. Recordações alimentadas unicamente pela certeza de um passado que foi...
O perdão existe. É um dogma que o Homem actual é incapaz de aceitar, transformado pela frieza daqueles que não sabem como a ele chegar.
Fico, enfim, preenchida na minha solidão na esperança de que regressem aqui, onde sempre viveram...

sábado, maio 21, 2005

Sonata ao Luar

Bem, fiquei seriamente surpreendida quando, ao acordar, me invadiu uma súbita vontade de me dedicar um pouco mais ao meu novo blog, ainda que não haja nada nele que me possa incentivar a prestar-lhe o meu valioso tempo. No entanto, também estou certa de que praticamente não houve oportunidade para que ele pudesse ser divulgado. Por isso, mantenho-me confiante de que a curto prazo comecem a cair comentários oriundos das mais variadissimas origens.
Ora, poderia começar por responder à questão: «Quem sou eu?», mas não me parece que alguém esteja interessado em ouvir a resposta, ou no caso de me encontrar enganada, deixo imediatamente aqui o link para o site das cabrinhas, cujo post de seu nome "Cris" acabará por dar resposta a essa utópica questão: www.photoblog.be/somos_as_cabras.
Pensei, pois, em explicitar o porquê do título «Sonata ao Luar».
Para aqueles raros leitores que desconheçam a expressão, eu dedicar-me-ei a uma breve explicação. Ora, Sonata ao Luar é o nome de uma belíssima obra de L.W.Beethoven. E, para quem não saiba, eu dediquei uns longos 11 anos da minha curta existência à música. Nesse sentido, é fácil depreender que desde cedo a música ocupou um espaço muito reservado na minha vida. Não apenas a música que nos chega aos ouvidos das mais variadíssimas formas, mas especialmente aquela música que me tocava especialmente por ser eu a produzi-la. Quem já o experienciou é testemunha do quão emocionante é deixarmo-nos invadir por algo tão belo que nos transcende precisamente por ser fruto do nosso próprio esforço e dedicação.
O tempo foi e é, cada vez mais, escasso. Mas agradeço ter sempre sido capaz de conciliar todas as minhas ocupações no sentido de hoje me sentir enriquecida por esse fenómeno tão belo.
Amo a música da mesma forma que amo tudo e todos aqueles que deixei que entrassem na minha vida. E quero mantê-la sempre, da mesma forma que nunca quero perder aqueles de quem gosto.

sexta-feira, maio 20, 2005

O primeiro de muitos

Surgiu-me este desejo de iniciar uma carreira "bloguística" a solo.
Porquê "Pedaço de Lua"?
Poderia ter escolhido qualquer outro nome, mas pareceu-me ser este aquele que mais se identifica com aquilo que me fascina. É verdade, tenho um delírio especial pela lua e pela distância que entre mim e ela se estende. A distância foi sempre algo com que nunca fui capaz de lidar (mas estou certa de que este será um assunto a desenvolver brevemente num próximo post) e desde criança me fazia bastante confusão a altura a que a Lua se encontrava de mim. Por isso me vi muitas vezes confrontada com a minha mãe a questionar-lhe o porquê da cadela Laika não ter vertigens e o porquê da lua se deslocar no mesmo sentido que eu, quando corria pela praia com os olhos postos nela.
Estou ainda um pouco perdida e sem qualquer noção daquilo que irei fazer deste pequeno espaço. Acreditem, todos vocês que me lêem, que se escrevo é porque não sou capaz de falar. Não no sentido denotativo da palavra. Mas quero dizer que se criei este cantinho para mim, é porque mais nenhum outro seria capaz de confortar as palavras que ao longo dos tempos irei aqui proferindo. Apenas escrevo aquilo que jamais conseguirei dizer e como a minha segunda paixão é e será sempre a escrita, confio piamente na segurança deste espaço e estou certa de que quem o visitar guardará igualmente num lugar reservado, estes meus pequenos desabafos.
Obrigado por visitarem. Comentem. E espero que gostem.
Cris