Se a vida fosse um quadro de lousa preto, onde se pudesse escrever e apagar a cada instante, então eu viveria no mundo imaginário em que as pessoas importantes nunca o eram por muito tempo.
Somos meras conhecidas, dizemos um "olá" frio e distante. E quase nem nos lembramos dos bons momentos porque os maus acabaram por os suplantar. As boas recordações caem no esquecimento de uma saudade que nem sabemos se é boa ou má e os ex-sorrisos transformam-se em memórias que já não entendemos.
Não entendemos porque é que mudamos tanto... Terei sido eu? Terás sido tu?
Com certeza a culpa não morre só. Mas a mágoa que sinto pelo desprezo que me dás é superior à razão que me faz pensar se merecerás o meu perdão.
Tenho pena de ti quando te vejo só. Porque até ontem a minha companhia era sempre tua. As minhas palavras eram felizes contigo e os momentos bons eram inesquecíveis.
Mas hoje, sei que a minha presença deixou de fazer sentido. Já não te conheço nem reconheço os teus passos.
Hoje caminhamos em caminhos diferentes, em sentidos opostos e em estradas paralelas. Por vezes tentamos enganar-nos, cruzamos as vias e conseguimos uma aproximação. Tão ténue que até dói. E dói mais do que a distância consentida.
Sento-me e penso naquilo que estarás a fazer neste momento. Pensas em nós? Naquilo que fomos um dia? Pensas nos lugares que partilhamos ou nas fotografias que o tempo não apaga?
Terei sido a amizade sem barreiras que ninguém iria ultrapassar? Ou terei sido um engano do destino que a maldade soube separar?
Serei ainda algo que recordas com emoção ou a frieza do teu olhar, a luz que deixaste de emanar gela qualquer espaço de aproximação?
É verdade, já fomos, um dia, laços inquebráveis de amizade. Hoje somos apenas olhares que se cruzam e corações que choram cansados, que lamentam um passado mas que não o admitem.
Hoje somos apenas só mais umas que, ao longo da vida, não têm a força para se voltarem a encontrar, para contrariarem os duros caminhos de ferro que tantas vezes percorremos juntas e para voltarmos a escrever, com o mesmo giz, um "para sempre" no quadro de lousa que alguém apagou.
5 comentários:
Entendo perfeitamente essa sensação...
Até pouco tempo atrás, recebia cartinhas de pseudo-amigas que diziam "te amarei para sempre" ou "pode contar sempre comigo, para o que precisar".
E hoje, o que acontece? Esqueceram que existo. Esqueceram que eu fui algum dia importante para elas.
Por vezes, chego a pensar que fui usada durante todos esses anos. Que a minha companhia só valeu a pena enquanto precisavam daquilo que eu poderia oferecer - se algum dia eu precisar de alguém, ninguém se importará comigo. Minha dor é muito menor e menos importante do que a de todas as outras pessoas. E eu sou completamente descartável.
É difícil pensar que ninguém quer estar a nosso lado, para compartilhar bons e maus momentos sempre. Dói muito pensar que aquele passado que foi tão prazeroso jamais poderá voltar.
O que mais dói é reparar, constantemente, que as pessoas mudam. Suas necessidades mudam. E, de uma hora para outra, deixamos de fazer parte das necessidades daqueles que ainda consideramos como grandes amigos, indispensáveis à nossa existência.
Força aí!
Beijos
Isso parece um desgosto de Amor! As melhoras para ti! Eu imagino o quanto estás a sofrer. Também já passei por isso, a nível do Amor e Amizade. beijos. Força!
Nuno: Graças a Deus não é um desgosto de amor... Nem tudo pode ser mau, não é?
Obrigada pela tua visita!
Volta sempre.
por tudo o que li, só me resta esperar que nunca sintamos o mesmo uma pela outra.
Apesar da distância que nos impuseram, continuas a ser o sorriso meigo e o ombro amigo que tens sido nos últimos anos...
Admiro-te muito Cris*
E a tua amizade é essencial na minha vida*
As palavras mais indicadas que constroem as frases com mais sentido.
Bjinho
Enviar um comentário