domingo, março 30, 2008

Quadro de Lousa


Se a vida fosse um quadro de lousa preto, onde se pudesse escrever e apagar a cada instante, então eu viveria no mundo imaginário em que as pessoas importantes nunca o eram por muito tempo.


Somos meras conhecidas, dizemos um "olá" frio e distante. E quase nem nos lembramos dos bons momentos porque os maus acabaram por os suplantar. As boas recordações caem no esquecimento de uma saudade que nem sabemos se é boa ou má e os ex-sorrisos transformam-se em memórias que já não entendemos.

Não entendemos porque é que mudamos tanto... Terei sido eu? Terás sido tu?

Com certeza a culpa não morre só. Mas a mágoa que sinto pelo desprezo que me dás é superior à razão que me faz pensar se merecerás o meu perdão.


Tenho pena de ti quando te vejo só. Porque até ontem a minha companhia era sempre tua. As minhas palavras eram felizes contigo e os momentos bons eram inesquecíveis.

Mas hoje, sei que a minha presença deixou de fazer sentido. Já não te conheço nem reconheço os teus passos.

Hoje caminhamos em caminhos diferentes, em sentidos opostos e em estradas paralelas. Por vezes tentamos enganar-nos, cruzamos as vias e conseguimos uma aproximação. Tão ténue que até dói. E dói mais do que a distância consentida.


Sento-me e penso naquilo que estarás a fazer neste momento. Pensas em nós? Naquilo que fomos um dia? Pensas nos lugares que partilhamos ou nas fotografias que o tempo não apaga?

Terei sido a amizade sem barreiras que ninguém iria ultrapassar? Ou terei sido um engano do destino que a maldade soube separar?


Serei ainda algo que recordas com emoção ou a frieza do teu olhar, a luz que deixaste de emanar gela qualquer espaço de aproximação?


É verdade, já fomos, um dia, laços inquebráveis de amizade. Hoje somos apenas olhares que se cruzam e corações que choram cansados, que lamentam um passado mas que não o admitem.

Hoje somos apenas só mais umas que, ao longo da vida, não têm a força para se voltarem a encontrar, para contrariarem os duros caminhos de ferro que tantas vezes percorremos juntas e para voltarmos a escrever, com o mesmo giz, um "para sempre" no quadro de lousa que alguém apagou.

5 comentários:

Beatriz C. disse...

Entendo perfeitamente essa sensação...
Até pouco tempo atrás, recebia cartinhas de pseudo-amigas que diziam "te amarei para sempre" ou "pode contar sempre comigo, para o que precisar".
E hoje, o que acontece? Esqueceram que existo. Esqueceram que eu fui algum dia importante para elas.

Por vezes, chego a pensar que fui usada durante todos esses anos. Que a minha companhia só valeu a pena enquanto precisavam daquilo que eu poderia oferecer - se algum dia eu precisar de alguém, ninguém se importará comigo. Minha dor é muito menor e menos importante do que a de todas as outras pessoas. E eu sou completamente descartável.

É difícil pensar que ninguém quer estar a nosso lado, para compartilhar bons e maus momentos sempre. Dói muito pensar que aquele passado que foi tão prazeroso jamais poderá voltar.

O que mais dói é reparar, constantemente, que as pessoas mudam. Suas necessidades mudam. E, de uma hora para outra, deixamos de fazer parte das necessidades daqueles que ainda consideramos como grandes amigos, indispensáveis à nossa existência.

Força aí!
Beijos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
nuno medon disse...

Isso parece um desgosto de Amor! As melhoras para ti! Eu imagino o quanto estás a sofrer. Também já passei por isso, a nível do Amor e Amizade. beijos. Força!

Cristiana disse...

Nuno: Graças a Deus não é um desgosto de amor... Nem tudo pode ser mau, não é?
Obrigada pela tua visita!
Volta sempre.

Sandrinha disse...

por tudo o que li, só me resta esperar que nunca sintamos o mesmo uma pela outra.

Apesar da distância que nos impuseram, continuas a ser o sorriso meigo e o ombro amigo que tens sido nos últimos anos...

Admiro-te muito Cris*

E a tua amizade é essencial na minha vida*

As palavras mais indicadas que constroem as frases com mais sentido.

Bjinho