A tua vida, e a minha, por conveniência, tem sido uma luta constante.
Não daquelas de batalha, arma em punho e blindagem de ferro.
Não de gritos, de sangue nem de dores supremas.
Mas daquelas que moem por dentro, que se revestem de pistolas de dor, de lanças de sofrimento e que, como uma chaga, vão ardendo, drenando, escorrendo fios de revolta que não falam, não sentem, não gritam, mas matam.
E um dia ela vai-nos matar. Tu vais ver. Vai vencer-nos, vai afastar as nossas mãos. Só depois, sem que nada nem ninguém seja mais forte, só nesse depois é que vamos ter paz.
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
Depende de ti
Às vezes acho que é tão fácil ser feliz que embirro com o mundo e lhe viro as costas.
Zangada com ele, bato com a porta, atiro-lhe palavras más e grito em barafustos mudos dores minhas e dele.
Sento-me no chão, deixo as lágrimas caírem em lenço vazio, que é branco como um manto de neve e frio como os dias amargos de Outono. Faço tanta força nos olhos e nos lábios que as rugas que não tenho, mas que me marcam o coração, denunciam espasmos de velhice, rastos de um cansaço latente de quem ainda quase nada viveu.
Ainda no chão, sou só. Imagino-me despejada de desejos, branca de ilusões e atiro contra o vidro os sonhos que criei. Lá fora, o mundo virou-me as costas. Do lado de lá da porta que bati e não abri, sei que continua prostrado, magoado com as minhas palavras duras. Mas não volto atrás. Não me arrependo, não esqueço o rancor e não apago a amargura.
Lá fora, onde está o mundo e onde a minha vida se estende para lá do paraíso que não conheço, sei que também lá está a felicidade. Aquela fácil e que podia estar ao alcance de um beijo mudo, de um toque exímio, de um suspiro.
Mas que não depende de mim. Por isso, mundo, se algum dia te lembrares que aqui dentro há um coração que bate triste e chora desilusões, não te esqueças que ela ainda me espera. E é tão fácil trazê-la cá. A felicidade. Aquela fácil. Aquela que depende de ti.
Zangada com ele, bato com a porta, atiro-lhe palavras más e grito em barafustos mudos dores minhas e dele.
Sento-me no chão, deixo as lágrimas caírem em lenço vazio, que é branco como um manto de neve e frio como os dias amargos de Outono. Faço tanta força nos olhos e nos lábios que as rugas que não tenho, mas que me marcam o coração, denunciam espasmos de velhice, rastos de um cansaço latente de quem ainda quase nada viveu.
Ainda no chão, sou só. Imagino-me despejada de desejos, branca de ilusões e atiro contra o vidro os sonhos que criei. Lá fora, o mundo virou-me as costas. Do lado de lá da porta que bati e não abri, sei que continua prostrado, magoado com as minhas palavras duras. Mas não volto atrás. Não me arrependo, não esqueço o rancor e não apago a amargura.
Lá fora, onde está o mundo e onde a minha vida se estende para lá do paraíso que não conheço, sei que também lá está a felicidade. Aquela fácil e que podia estar ao alcance de um beijo mudo, de um toque exímio, de um suspiro.
Mas que não depende de mim. Por isso, mundo, se algum dia te lembrares que aqui dentro há um coração que bate triste e chora desilusões, não te esqueças que ela ainda me espera. E é tão fácil trazê-la cá. A felicidade. Aquela fácil. Aquela que depende de ti.
terça-feira, fevereiro 15, 2011
Quero chorar
Quero chorar. E tanto que o peito é pequeno para tanta emoção. Quero abri-lo, libertá-lo, fazê-lo voar e apenas chorar.
Quero chorar. Como se não houvesse amanhã. Chorar e não dizer porquê. Só chorar como se a vida fosse o choro tremendo da mais dura crueldade e finalmente chorar porque nada no mundo é tão grande que me possa impedir.
Chorar para mim, chorar por ti e por aquilo que a vida nos faz. Chorar porque nada mais importa quando as lágrimas retidas são tantas que formariam cursos infinitos de águas transparentes. E chorar sem soluçar, chorar sem temer que me ouçam, chorar sem sentir o sal das lágrimas e finalmente chorar por acreditar que só a chorar a dor vai embora.
Chorar sem alívio e sem pena. chorar sem olhar ao espelho, sem sentir conforto, sem pensar se irá fazer bem. Chorar porque sim, porque não há motivo, ou porque, se o há, é tão duro e cruel que nem o choro é capaz de apagar.