sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Sorte

Há quem diga que se faz. Eu prefiro acreditar que alguém a faz por mim e que está desenhada há muito tempo num caminho interno que não consigo ver. Entregar-se à sua sorte é resignar-se perante aquilo que a vida reserva. Nunca fui de baixar os braços, a não ser por um só dia, quando as forças me falham e me escondo nos lençóis quentes da minha cama por umas horas. Depois, como se alguma força suprema também se escondesse, rejuvenesço e saio fortalecida, com novas garras para enfrentar a sorte que me espera.
Desde o início de 2009 que me sinto entregue à minha sorte. Penso que deveria ter lutado contra ela, agora acredito que já é tarde. Desde uma multa no carro ultrapassada por uma situação no mínimo embaraçosa, passando por arranhões no mesmo carro e terminando com um pequeno acidente, sem culpa, mas para o qual não me chegou o susto, vejo-me hoje desamparada e sem forças para encarar o que me está a acontecer.
De novo o Leo. As esperanças de que ele melhorasse foram-se avolumando nos últimos dias, fui ganhando coragem para acreditar que seria ontem "o" dia. E era. Se novamente a sorte não o traísse. A ele e a mim. Voltou a piorar.
Com tudo isto, a minha vida parou de girar em torno de mim, da minha ambição por encontrar uma ocupação mais definitiva do que o Audiência. Parece que, de repente, tudo deixou de fazer um sentido claro. Acordo a pensar que hoje será um dia novo e que o Leo vai voltar para casa e quase nem reflicto sobre aquilo que me trouxe cá. Estou feliz com a minha condição? Será que já não procuro um trabalho estável, uma vida futura, um aconchego emocional?
Não. Hoje só quero que ele não sofra, só não me quero sentir culpada. Só quero estar entregue à sorte que me traiu, ao azar no qual não creio e a mim própria, em que já não sei se acredito.
Não sou a Cris que me conheço, a Cris que todos conhecem. Deixem-me amargar a minha falta de sorte, deixem-me acreditar que tudo vai passar. E por favor, aqueçam-me os lençóis que são só meus. Hoje não quero ser eu. Quero ganhar a minha sorte.

1 comentários:

Sandrinha disse...

a sorte é um bocadinho de tudo que escreveste.
Acredito que k já está escrita e acredito que nós a escrevemos um bocadinho, todos os dias.

Não podemos ter sempre azar nem ter sempre sorte.

e hoje todos te deixamos ser o que quiseres; todos precisamos desses momentos para nós. Apenas não te esqueças de que estamos aqui, quando kiseres ;)

O Leo vai melhorar, tem a melhor pessoa a cuidar dele.

Estou a torcer por ele e por ti*