A minha casa é grande como o sol. No pátio, há jardins e árvores com flores que nascem na Primavera. Os raios são quentes no Inverno frio e as sombras são refrescantes quando o calor do Verão aperta.
É o meu habitat natural. Sempre aqui vivi. Vi, de perto, as transformações que sofreu. De casa agrícola, velha e desconfortável, foi-se tornando, ao longo dos anos, num lugar onde dá gosto viver. Diria que é digna de ser vista, digna de ser admirada. Como já disse, é grande. Tão grande que só poderia dar felicidade a quem nela vive.
Desde pequena que ouço outros dizerem que a casa é tão grande e tão espaçosa que podia dar felicidade a um animal de estimação. Um cão. Nunca me interessou. Eu até corro de medo quando vejo um. Por vezes, na ternura da infância, costumava imitar um cão solitário e choroso, fazendo pequenos rugidos e sons de lamúria deitada no chão.
"Oh pai! Gostava de ter um cãozinho". A resposta sempre foi negativa, mas para ser sincera também nunca me incomodou muito. No fundo, não sabia se realmente gostava daquilo que pedia. Acho que, na verdade, não o queria.
Foi numa das fases de crescimento da minha casa, quando os quartos passaram de velhos e muitos para poucos e luxuosos que me mudei para Braga. Foi lá que comecei a contactar com animais, nomeadamente com o gato de uma grande amiga que Braga me deu.
Era isso. Acho que queria um gato. E o gato apareceu na minha vida. Estávamos em Junho de 2006 e era véspera dos meus anos.
O Leo apareceu para nunca mais me deixar.
Medo
Acredito que os animais têm o seu mundo, que é compatível com o nosso, mas que não é completamente conciliável com o nosso. A irracionalidade deles sobrepõe-se à nossa racionalidade na altura de se separarem as coisas. Porque nós queremos que eles nos percebam e nos obedeçam. Porque eles sabem que nos podem desobedecer, se quiserem, e continuarão a ter razão. Porque são animais. Porque não são pessoas.
O Leo adoeceu, esta semana, pela segunda vez. Levei-o de imediato ao veterinário quando me apercebi que o comportamento dele não estava normal. Depois de quatro horas no consultório, de muitas lágrimas minhas, tive que deixar o Leo internado, a soro, num cubículo rodeado de grades.
Não morreu. Fiquei feliz. Mas sofreu. De quem será a culpa?
Sofreu ele e sofri eu por ter assistido a toda aquela tentativa de salvamento. Sabia, no momento em que chorava de pena dele, que não se tratava de uma pessoa, mas de um animal. Mas nascerão eles para sofrer?
A dor que mais dói é a impotência para mudar o sofrimento dos outros. E nessa altura, sim. Eu soube que o Leo dependia de mim. De mim, da medicina e da insistência da médica que o curava.
Sim, Leo. Nunca irás entender o que sinto por saber que sofres. Mas saberá, alguém, aquilo que sentem realmente aqueles que os amam?
Há dias, em conversa com uma pessoa, fui ridicularizada por chorar e andar cabisbaixa por causa de um gato. O meu pai diz-me imensas vezes que tenho que saber separar as águas e estar preparada para me afastar dele. Mas só quem os tem percebe do que falo. E de uma coisa estou certa: quem não ama os animais é incapaz de amar quem quer que seja.
1 comentários:
Eu bem sei daquilo que falas!
Eu nunca tive um animal de estimação como tu tens o Léo (e que lindo que ele é!) mas sei o que é amar um animal como amamos uma pessoa. Sofrer quando o vemos mal e não podemos fazer nada.
E senti a revolta porque havia pessoas que não compreendiam por que razão eu sofria por um animal... Chegaram tambéma a "apelidar-me" de certas coisas.
O facto, é que acrdito que os animais merecem o melhor do mundo, ser mimados como se se tratassem de pessoas. Porque na verdade são seres como nós.
Como eu te compreendo, Kristy. Só boto fé que o Léo fique a cem por cento;) e que continues a poder dar-lhe os miminhos todos que quiseres.
Beijinho*
PS:Agora aderi àquela coisa de seguir blogues. Adivinha lá quem foi o primeiro que adicionei????
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