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Devia ver-te, diz-me a consciência.
Devia ter a oportunidade de te dizer adeus ou simplesmente um olá, quem sabe.
Devia sorrir para ti, pegar-te na mão ténue e dizer-te "estou aqui".
Mas não consigo.
Sei que se te visse, não te veria a ti, mas a algo que de ti se tomou.
Sei que se te enfrentasse dar-te-ia a parte mais fraca de mim, aquilo que até o tempo te roubou.
Sei que se te olhasse seria pela última vez.
E não consigo.
Apodera-se de mim a cobardia dos que perdem a coragem
Perco tudo aquilo que nos ensinou que a vida é, de facto, uma passagem.
Fazes-me pensar que tudo pode escapar-nos pelos dedos, pode roer-nos a corda do destino, pode roubar-nos a felicidade, a riqueza, a família e a nós mesmos.
Não consigo.
Imagino aquilo que já não és.
Sonho com aquilo que de ti conheci.
Mas não consigo despedir-me de ti.